Outro dia...
(...)
Ai, não sou artista, não,
senhora
e cultora de um dom...
Sou um ser humano,
apenas,
desgostoso e maltratado.
Não crio,
nem embelezo ficções.
Mas...
artista é só aquele
que cria a ficção?
Artista não é também
o que põe num plano justo
e claro
uma razão?
É...
(...)
Ai, não sou artista, não,
senhora
e cultora de um dom...
Sou um ser humano,
apenas,
desgostoso e maltratado.
Não crio,
nem embelezo ficções.
Mas...
artista é só aquele
que cria a ficção?
Artista não é também
o que põe num plano justo
e claro
uma razão?
É...
E eu que faço senão correr
atrás de mil razões,
com mãos inquietas
que as não fixam?
Não, não sou artista...
João Falco (Irene Lisboa), Um dia outro dia...
atrás de mil razões,
com mãos inquietas
que as não fixam?
Não, não sou artista...
João Falco (Irene Lisboa), Um dia outro dia...
Pequena nota sobre o poeta escolhido, para festejar o "dia da poesia":
Irene Lisboa escreve aqui sob o pseudónimo de João Falco.
Em 1936, com esse nome, publica o segundo livro -o primeiro fora, em 1926, "Treze Contarelos"- desta vez de poesia, intitulado "Um dia e outro dia…" -. Diário de uma Mulher.
No ano seguinte, sob o mesmo pseudónimo, surge "Outono havias de vir", outra obra de poesia.
Ainda sob o nome de João Falco aparece, em 1939, o livro "Solidão" – Notas do punho de uma mulher.
Gostei muito! E o rouxinol é lindo.
ResponderEliminarTambém gostei muito!
ResponderEliminarBeijinho.
Há uma poesia portuguesa sobre a poesia, de que eu gostava e de que só me lembro do último verso:
ResponderEliminar"Até no dia em que morreste, mãe, aconteceu poesia".
Te suena?...Un beso
Não conhecia, Maria, mas encontrei na internet...
ResponderEliminarAconteceu poesia
A poesia, não é tão rara, como parece.
Na mais ínfima das coisas,
A poesia acontece.
Aconteceu poesia,
Quando nos teus olhos cor do céu,
Vi um pedaço de céu, que me cabia.
Aconteceu poesia,
Quando as tuas mãos numa carícia vaga,
Moldaram no meu rosto, ar de angústia,
Que o tempo não apaga.
Aconteceu poesia,
Quando nos teus olhos cor do céu,
Vi um pedaço de céu , que me fugia.
Até no dia em que morreste, Mãe,
Aconteceu poesia.
"Aconteceu Poesia" Fernando Vieira - João Villaret no São Luís
Aconteceu poesia até com este teu presente , fazendo-me reviver uns versos que para mim já estavam mortos! ( Procurei na internet para oferecer-tos eu e não fui capaz de encontrá-los, e ao lê-los de novo fui feliz por um instante ...)
ResponderEliminarHoje mando-te beijinhos e abraços.
O nono verso é "Moldaram em meu rosto o ar de angústia"...
ResponderEliminarMando-te estes, agora de memória, ainda pelo dia da poesia (conheces de certeza):
O poeta é um fingidor,
Finge tão completamente,
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Excelente ideia lembrar Irene Lisboa no dia da poesia! :-)
ResponderEliminar