quinta-feira, 31 de março de 2011

Não há 25 de Abril, no Parlamento? Então e a gaivota do poema do O' Neill?



Gaivota

Se uma gaivota viesse

trazer-me o céu de Lisboa

no desenho que fizesse,

nesse céu onde o olhar

é uma asa que não voa,

esmorece e cai no mar.


Que perfeito coração

no meu peito bateria,

meu amor na tua mão,

nessa mão onde cabia

perfeito o meu coração.


Se um português marinheiro,

dos sete mares andarilho,

fosse quem sabe o primeiro

a contar-me o que inventasse,

se um olhar de novo brilho

no meu olhar se enlaçasse.


Que perfeito coração

no meu peito bateria,

meu amor na tua mão,

nessa mão onde cabia

perfeito o meu coração.


Se ao dizer adeus à vida

as aves todas do céu,

me dessem na despedida

o teu olhar derradeiro,

esse olhar que era só teu,

amor que foste o primeiro.


Que perfeito coração

morreria no meu peito morreria,

meu amor na tua mão,

nessa mão onde perfeito

bateu o meu coração."


(poema de Alexandre O'Neill)


Gaivota, canta Amália Rodrigues

letra: Alexandre O' Neill/música Alain Oulman


7 comentários:

  1. Uma voz maravilhosa, um poeta admirável!

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  2. Esta música/canção tem um particular encanto para mim. O poema é lindo!

    É uma vergonha! Sem mais palavras.
    Beijinho!

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  3. Bom dia, cheguei ao seu blogue por uma pesquisa no Google - Pintores portalegrenses. Gostei do que li e ouvi e atrevo-me a comentar este post. Sabe que até é um alívio que não haja cerimónia? Causa-me sempre uma certa amargura ver algumas pessoas de cravo ao peito. E outras sem cravo. Enfim... foi um desabafo.

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  4. Gosto muito da Amália.
    Gosto de fado.Gosto de ouvir e cantar.
    SEmpre gostei desde que me conheço.
    Esta é uma das muitas que sempre sabe bem ouvir.

    Um beijinho
    Isabel

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  5. Palavras cada vez mais actuais, perante esta palhaçada de políticos que sustentamos...

    Abraço.

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  6. Quando foi a Revolução dos Cravos eu tinha trinta anos e já vivia em Espanha, passei as horas "abraçada" à radio, a rir e a chorar.
    Poderei esquecer muitas coisas, mas será difícil que esqueça esse dia. Beijinhos

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  7. E assim vai Portugal, a sua cultura e o respeito pela sua História.

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