quarta-feira, 16 de março de 2011

O Jazz Manouche (gypsy jazz): a guitarra de Django Reinhardt


desenho de Cocteau, retrato de Django Reihhardt

onde se pode ouvir Jazz Manouche "jazz a la Django": Hot Club de Piracaciba (Brasil, claro)

Django Reinhardt nasce em Liberchies em 23 de Janeiro de 1910 e morre em Paris em 16 de Maio de 1953.

carroção (vurdón) cigano

Foi um guitarrista belga, de origem cigana, considerado o mais influente guitarrista de todos os tempos. Teve influência sobre muitos músicos e foi ele que “criou” o estilo “gypsy jazz”.

Vim falar-vos deste guitarrista de jazz que me interessou há muito e de quem já falei aqui.
Desta vez, regresso a Django porque encontrei uma bela “biografia” dele no blog “Jazz+Bossas+Baratos”.



Jean-Baptiste Reinhardt é considerado um dos mais importantes guitarristas da história do jazz. Ele também foi o mais influente jazzista europeu das décadas de 30 a 50, tendo desenvolvido um estilo de tocar bastante pessoal e uma sonoridade tão peculiar que jamais conseguiu ser imitada.

Nascido em uma comunidade cigana em Liberchies, na Bélgica, no dia 23 de janeiro de 1910, viveu uma vida repleta de aventuras e a intensidade de suas experiências pessoais se refletiu em sua música, ajudando a compor uma figura lendária, que até hoje intriga e emociona os fãs do jazz. A vida nômade e instável foi uma realidade constante. Seus pais, Jean-Eugène Weiss e Laurence Reinhardt, moravam em um carroção e seguiam à risca a tradição cigana de não passar muito tempo em um mesmo lugar.

Em 1914, por conta da eclosão da I Guerra Mundial, sua família empreendeu uma série de viagens, fixando-se temporariamente em Nice, na França, na região da Córsega, na Itália, e até mesmo no norte da África. Ao final do conflito, a caravana decidiu se fixar nos arredores de Paris. Foi na Cidade Luz que Django, apelido que recebeu na infância, descobriu duas de suas maiores paixões: a música e a boêmia. Aos 12 anos Django, que já conhecia os rudimentos do violão cigano, ganhou de um vizinho um banjo e adotou o instrumento com grande paixão. Sua habilidade deixava perplexos até mesmo músicos mais experientes.

Autodidata, tinha uma enorme criatividade e um senso rítmico quase sobrenatural e em pouquíssimo tempo passou a dominar todos os segredos do instrumento. Além disso, o convívio com artistas, boêmios, prostitutas, malandros e outras figuras do submundo fascinava o jovem músico e ajudava a moldar o seu comportamento errático e até mesmo irresponsável.
No final dos anos 20, uniu-se ao acordeonista Jean Vaissade e ao xilofonista Francesco Cariolato. Os três formaram um grupo especializado em interpretar canções francesas e napolitanas, impregnadas com um indiscutível acento cigano, que se apresentava com regularidade no clube Schérazade. Suas primeiras gravações foram realizadas em março de 1928, com o grupo de Vaissade e Django recebeu quinhentos francos pelo trabalho. Em outubro daquele mesmo ano, gravou com o acordeonista Victor Marceau. Seu primeiro contato com o jazz norte-americano se deu em 1924, quando assistiu, no L'Abbaye de Thélème, restaurante situado na Place Pigalle, a uma apresentação da banda “Novelty Jazz Band”, conduzida pelo pianista Billy Arnold.

O garoto ficou encantado com aquela espécie completamente nova de música, e passou a incorporar alguns elementos harmônico-melódicos do jazz, misturando-os à música cigana que fazia."


Vale muito a pena ler o artigo completo, porque realmente exaustivo para quem se interessa por Jazz em geral e por este tipo de Jazz manouche em particular.

Vários foram os comentários a esse “post”. Alguns muito interessantes.

“Há muitos anos, em entrevista a uma TV americana, o genial Duke Ellington afirmou que o jazz teve quatro grandes gênios: Louis Armstrong, Coleman Hawkins, Art Tatum e Django Reinhardt.” (o comentário é de José Domingues Raffaelli, no blog referido)
Em Maio, na França, vai aquecer com os manouche e terá muita coisa boa. Espero.”(blog “Cozinha vurdóns”)

E “deixam” dois vídeos novos: Lollo Meier aparece.

Resposta do blog Jazz & bossas:

Aqui no Brasil temos o Hot Club de Piracicaba, que resgata a tradição de Django Reinhardt. Gosto bastante do Bireli Lagrene e de um guitarrista pouco conhecido, chamado Lollo Meier, que é muito bom”.

Outro comentário de Rafaelli, que revela outros aspectos da personalidade do grande Django, conta:

A propósito de Django, nos anos 70 tive a sorte de ouvir em Buenos Aires e conversar com o grande guitarrista argentino Oscar Alemán.

Como ele passou a década de 30 em Paris, foi amigo de Django e inclusive substituia-o quando o cigano não podia tocar, contou-me episódios pitorescos sobre o irrequieto guitarrista.

Django era um tremendo mulherengo sempre às voltas com suas conquistas e, devido a isso, sua ciumenta esposa, conhecendo seus hábitos de conquistador inveterado, à noite saía à sua procura pelos cabarés de Paris.

A esposa era notória barraqueira, armava as maiores confusões quando não o encontrava, principalmente ao avistar Alemán tocando no cabaré no lugar que o marido deveria tocar, indo direto a ele gritando a plenos pulmões: "Onde está aquele sem-vergonha?", ao que Alemán limitava-se a balbuciar: "Não sei, não o vi hoje".

Certa noite, ao entrar no cabaré. a baixinha avistou Django aos abraços e beijos com uma moça e partiu para a ignorância, dando-lhes socos o pontapés, sobrando algumas bolachas para Alemán, pois ela sabia que este acobertava o infiel marido.

Foram todos parar na delegacia e no final, após uma longa espinafração do delegado, saíram de lá devidamente "amaciados". Django e a furiosa esposa, reconciliados, foram para casa; Alemán, com o rosto inchado e muitas dores, efeito das bolachas que levara, foi para casa sofrendo na carne pelas estripulias do travesso amigo cigano.

Isso tudo e outras coisas mais ele contou entrecortadas por inúmeras gargalhadas relembrando as "delícias" das noites nos cabarés de Paris nos anos 30.”


No ano passado, realizaram-se as homenagens a Django, “o pai espiritual do jazz manouche”, no seu centenário.

Dentre essas manifestações, houve um concerto "Le Manoir de mes rêves", do guitarrista Angelo Debarre e o seu Quarteto: Ludovic Beier (acordeão),Tchavolo Hassan (guitarra rítmica);Antonio Licusati (contrabaixo); e os seus convidados : Thomas Dutronc (guitarra/solista) - Marius Apostol (violoncelo)…

« Reunidos num acampamento manouche, num universo colorido onde a vida, a música se misturam, isto é primeiro que tudo o universo manouche, e quando os músicos desta cultura prestam homenagem ao mais admirado dos seus, torna-se num espectáculo generoso, autêntico e apaixonado. »

(Pays de la Petite Pierre, na Alsácia)

Sobre este Quarteto diz um jornal inglês, quando tcaram em fevereiro passado:

"O Quarteto De Barre toca gypsy jazz com entusiasmo e classe. Angelo DeBarre é um brilhante gypsy guitarista "gypsy" que toca no estilo de Django Reinhardt".

Em Bernielles, foi o Quinteto de Jazz Manouche, "Swingin' Partout", que se apresentou. Originários da região de Lille e Paris, interpretaram com virtuosismo peças musicais de Django Reinhardt.

Estiveram também em Inglaterra, em Londres, no "Le Quecumbar": o Quarteto Angelo DeBarra em Fevereiro 2011 e o Quarteto Lollo Meier (no passado 2 de Fevereiro).

Com sucesso, segundo The Guardian.

Deixo alguns links de Gypsy Jazz, para ouvirem um pouco mais se gostarem.

http://www.youtube.com/watch?v=AMAjdsa3XFg

O grupo de jazz "manouche" (cigano) de Cristine Tassan e "les imposteures, no Téâtre de la Marjolaine, 2007, toca "Olhos Negros".


http://www.youtube.com/watch?v=GhrjjT20rYE (músicos ciganos nas ruas de Itália)



Divirtam-se!

As fotos foram "emprestadas" pelo blog "cozinha dos vurdóns" e "Jazz+Bossas"

5 comentários:

  1. Como amamos tudo isso ...
    Obrigada, nais tuke mais uma vez.

    deixamos algo pra você:
    http://cozinhadosvurdons.blogspot.com/2011/03/conversas-na-cozinha-dos-vurdons.html

    5 bjs

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  2. Olá, vejo que não paras de escrever, parabéns!
    Estou-te a perder, na voragem de tanta criação (broma). Realmente nunca te tive, é o que passa com os amigos "metálicos" (broma)
    Estão a passar coisas tremendas, é impossivel ficar indiferente.Sempre passam coisas, geralmente más, mas desta vez é demais. Supera todas as palavras.
    Beijinhos!

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  3. Nem penses nisso, Maria! Tu serás sempre a minha primeira amiga virtual!
    (broma haha!)
    O mundo enlouqueceu, os homens estão sem defesa, as injustiças e as loucuras caem em cima das cabeças de todos!
    Contente por teres vindo, eu escrevi-te...
    Beijinhos

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  4. Cara MJ Falcão,
    Fico muito honrado em ser citado aqui n'O Ninho do Falcão, espaço que privilegia a inteligência e a sensibilidade!
    Obrigado por tamanha consideração!!!!

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  5. Tenho aprendido muito sobre a cultura cigana com a MJ Falcão e com a Cozinha dos Vurdóns.
    Obrigada!
    Beijinhos.
    5 Bjs

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