Há 37 anos aconteceu o 25 de Abril...

o capitão Salgueiro Maia, no dia 25 de Abril de 1974

mural de Henrique Matos

Passam 37 anos sobre o 25 de Abril de 1974, a Revolução dos Cravos.

Quem se lembra hoje disso? Muitos ainda, acho eu. Felizmente. Apesar de muitos outros ignorarem a data, ou mesmo denegrirem essa "revolução".

As revoluçãos são muita coisa, trazem atrás muito lastro. E, no seu seguimento, não são perfeitas, há muitos entraves, porque nem os homens nem o mundo são perfeitos...

E errar é natural.

Mas a liberdade, a dignidade, o orgulho de viver e ser português, essas coisas não têm preço. Bem o percebeu Vieira da SIlva, nestes dois belos posters que dedicou à revolução dos cravos, e Sophia de Mello Breyner que lhe dedicou uma poesia.

Ambas compreenderam: "a Poesia está na Rua"!

posters da pintora Vieira da Silva

Há, pois, os que sabem o que havia antes. Não o esqueceram. E esses agradecem ao MFA o que lhes “ofereceu” de bandeja...

Há poucos dias, num passeio pela Ericeira, ouvimos o 25 de Abril “contado” por um pescador: o "seu" inesquecível 25 de Abril!

“Andávamos no mar. Longe. O mestre tinha-se ido deitar e eu e um companheiro ficámos ao leme.

Vínhamos carregados de peixe, a voltar. Íamos levar o peixe para a lota de Cascais.

Disse para o meu amigo: “Vamos ligar o rádio? Sempre se ouve um bocadinho de música...”

Mas não se apanhava nenhuma estação. Achámos estranho, tentámos uma ou duas vezes e desligámos, aborrecidos.

Não nos consolávamos, a manhã ia alta e um bocadinho de música dava jeito para animar.

"Ó Zé, experimenta aí a Rádio Renascença... "

Silêncio.E, de repente, ouvimos tocar “Grândola, Vila Morena”.

"Alto lá!, disse eu, esta canção?”

Percebemos que tinha acontecido alguma coisa...

E, passado um bocado, começou a ouvir-se o Comunicado das Forças Armadas.

Fomos acordar o mestre.

Foi o dia mais alegre da minha vida!”

E riu-se, para nós. Com um olhar aberto que não enganava. Este sabia o que tinha sido o 25 de Abril.

NOTA: Para os que não sabem, ou já se esqueceram:

“Este golpe, normalmente conhecido pelos portugueses como 25 de Abril, foi conduzido por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), composto por oficiais intermédios da hierarquia militar, na sua maior parte capitães que tinham participado na Guerra Colonial e apoiados pelos oficiais milicianos, estudantes recrutados, muitos deles universitários.

O movimento nasceu por volta de 1973, baseado inicialmente em reivindicações corporativistas como a luta pelo prestígio das forças armadas, acabando por se estender ao regime político em vigor.

Sem apoios militares, e com a adesão em massa da população, a resistência do regime ao golpe foi praticamente inexistente, registando-se apenas quatro mortos”.

(...)

"As tropas foram comandadas no terreno por diversos capitães, de entre os quais o que mais se destacou e mais é recordado e associado à revolução foi Salgueiro Maia, que comandou tropas vindas da Escola Prática de Cavalaria de Santarém.