sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Cristo da Paixão da minha infância...



Páscoa ...


Mais um ano que passou e vêm as recordações de outros tempos, de outra idade...


Éramos, então, pequenas e quando chegava a Páscoa e a minha avó levava-nos a ver o Cristo da Paixão, à Igreja do Calvário, em Portalegre.

Ficava numa elevação da nossa cidade a bela igrejinha quadrada, amarela e branca, como ainda há tantas, no Alentejo.
Sempre que por lá passo, aperta-se-me o coração com as lembranças. A minha avô, muito bonita, com um lenço azulado na cabeça, nós bem vestidinhas e com um ar muito compenetrado...

O Cristo, esse há muito que o não vejo.




Dava-me sempre vontade de chorar.

Imagino-o como dantes o via. Com um joelho no chão, sob o peso da cruz, e olhos tristes, vítreos, olhava sabe-se lá para onde, talvez para dentro de si.

O manto e a túnica roxos eram de seda e os espinhos da coroa marcavam a testa clara onde pequeninas gotas de sangue se colavam, cor de rubi.

Depois vinham as amêndoas, os folares, mas este ritual de ir ver o Cristo da paixão, o Senhor dos Passos, como lhe chamava a minha avó, era o ponto que distinguia a Páscoa das outras festas...

Escolhi este belo quadro de Rosso Fiorentino...






Rosso Fiorentino (o "Florentino Ruivo"), ou simplesmente Il Rosso -como era conhecido-, mas o seu verdadeiro nome era Giovan Battista di Jacopo.






Nasce em Florença em 1494 e morre em Fontainebleau, em 1540, onde fora chamado pelo rei François I, em 1427, para trabalhar com outros famosos pintores italianos, no Castelo de Fontainebleau.




(dizem que a sua obra-prima é esta Descida da Cruz, que está em Volterra, Itália)

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http://youtu.be/EMEo2PgQErE



6 comentários:

  1. Bom dia

    Nesta pintura parece que a qualquer momento todos vão começar a mexer-se...é bela.
    Antigamente vivia-se a Páscoa com outra intensidade.

    Um bom feriado para si.
    Isabel

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  2. MJ Falcão,
    Gostei muito deste post. É muito bonita esta descida da cruz. Estive em Florença para visitar a grande cidade do Renascimento. Não me lembro de ter visto esta pintura. Ela é inesquecível e como diz a Isabel tem muito movimento.

    As memórias são sempre boas, hoje um acaso levou-me até ao meu pai que já morreu.

    A Páscoa para mim era uma festa muito importante, não ia à missa mas ia a casa dos meus tios beijar a Cruz. Era uma forma da família estar unida e claro, havia sempre amêndoas e outras iguarias para comer. O meu pai só nos dizia, meninas não beijam a cruz, não é lá muito higiénico, então o confrade que trazia a cruz dava-a a beijar e nós obedeciamos ao meu pai.
    Depois recebiamos os presentes dos padrinhos. Crescemos e o local onde viviamos cresceu e deixaram de visitar as pessoas. Uma missa que era para nós muito importante era o Domingo de Ramos. mas estou a alongar-me.
    Desculpe. Este ano optei por só colocar o nosso património. Fui até Beja!
    Bjs. :)

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  3. Bom Pessach cara amiga, com carinho, força e realidade. Que Cristo no dê mansidão para viver e coragem para morrer de forma digna.

    Cozinha dos Vurdóns - hoje as cinco assinam.

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  4. Para todas, Boa Páscoa, Pessach, o que for! Este quadro "Descida da Cruz" se não me engano creio que está em Volterra, cidade da Toscana muito bela.
    Boas festas!

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  5. Lembranças da minha terra.
    Ainda hoje a tradição se mantêm.
    Feliz Páscoa!!

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  6. Querida João, desnudar a alma é um exercício perigoso, tem efeitos secundários como os medicamentos...Fazes bem refugiando-te na nostalgia branca da infância. Que tempos aqueles!
    Com a chegada da Gui vais estar com a melhor das amigas.
    ¡Te quiero mucho!

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